Hoje se pensa o Dia Nacional do
Orgulho LGBT. Digo aqui “se pensa”, pois não há como comemorar um orgulho
galgado na dor, na vergonha, no medo, na culpabilização. Não há orgulho em ser
a vitima, mas nós temos orgulho; orgulho do nosso maior defeito: Somos o que
somos, embelezamos a natureza que veio conosco, enfrentamos a negação e a
injustiça para viver em um mundo recheado de ódio e rejeição. Somos resilientes,
oferecemos todas as faces, oferecemos muitas vezes os pulsos, o pescoço,
aceitamos o drink de cianureto e desistimos, na janela do quinto andar, nós
também desistimos.
Somos as travestis espancadas, assassinadas,
abandonadas, prostituídas, somos as lésbicas estupradas, violadas,
desrespeitadas, assediadas, somos os gays expulsos, demitidos, ridicularizados
e suicidados. Somos apenas um pedaço da diversidade humana que sofre nas mãos
da ignorância. A sociedade hétero, normativa, classista, branca, corrupta nos
vitimiza e então nos nega o titulo de vitima. E nós continuamos, sendo apenas
nós mesmos, dia após dia.
Que hoje seja lembrada toda a
diversidade morta pelo preconceito, pela intolerância, pela fúria ao
desconhecido. Que hoje lembremos que o preconceito é mais sutil do que possamos
perceber e que pequenas palavras podem desmoronar gente. Que hoje se tenha em
mente que existem pessoas que não são felizes por não conseguirem aceitar a si
mesmas. Que seja lembrado que amanhã é um novo dia e que essa luta, por mim,
por nós, por vocês, por todas, seguirá seu curso, rumo, de fato, a liberdade.
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