
Representando o Plural - Coletivo LGBT, fui para a II Conferência Nacional LGBT em Brasília. Com a posição crítica e a certeza de que a Conferência mais servia de palco à figuras ligadas ao governo, do que de luta eficaz, tive a experiência maravilhosa de ficar hospedado no ap de dois meninos da Cia Revolucionária Triângulo Rosa.
Levando material elaborado coletivamente, denunciamos a falta de representatividade à comunidade LGBT, já que muitos delegados para a conferência foram eleitos nas surdinas, pulando as etapas municipais, numa estratégia anti-democrática de calar quem se opõe às ações governamentais.
A delegação do RS presente era grande, e a maioria dos delegados, militantes do Partido dos Trabalhadores - PT. Cheguei a ouvir a crítica de que a especificação "contra PT" no nosso material poderia desagradar alguns. Mas quem disse que o objetivo é agradar com omissão de posicionamento? Agradar oposição como Marta Suplicy (Senadora do PT, relatora do PLC 122) fez ao tirar todo efeito do texto do projeto de lei que criminaliza a homofobia? Ou como fez a presidenta Dilma (ausente na Conferência) cedendo a chantagens e vetando o Kit Escola sem Homofobia?
Ouvi também, dizerem que somos muito radicais. Mas a mediação e amenização nos debates com os fundamentalistas, tem surtido efeito? Ou tem nos levado a uma regressão assustadora?
Os Grupos de Trabalho da II Conferência deixaram claro a total inatividade de tudo o que foi aprovado em 2008, na I Conferência, porque as propostas se repetiram. Aqueles que estão, de alguma forma ligados ao governo: polianos; Os indignados com a lentidão do movimento: brigando para expor sua revolta num espaço planejado para a censura da oposição.

Não há crime homo-lesbo-bi-trasfóbico que não seja antecedido de discurso de ódio, e este foi liberado no novo texto do projeto que antes criminalizava de forma muito mais abrangente o que nos ameaça. Não há luta sem visibilidade, e a demonstração de afeto em público é carta fora deste novo baralho.
O grupo Mães pela Igualdade vem emocionar e reafirmar o quão importante é o apoio que recebemos Delas. Uma militante do grupo pegou o microfone e, aos prantos, fez um apelo aos ministérios representados: "Não deixem mais os nossos filhos morrerem!"
Na Conferência de 2008, a discussão sobre a sigla LGBT foi pautada e esta foi modificada, afim de dar visibilidade a movimentos que fazem parte desta luta. Nesta conferência, a novidade foi a discussão do destaque dos diferentes tipos de preconceitos sentidos pelos representados por essa sigla. Além da Homofobia, foram acrescentados nos textos os termos Lesbofobia, Bifobia e Transfobia. E na plenária final, uma surda pegou o microfone e oralizou, dizendo que era necessário incluir nas propostas o Capacitismo (preconceito e discriminação contra pessoas com deficiência.)
Tentamos disseminar dentro da Conferência, a percepção de que o Movimento LGBT está sendo cooptado pelo governo que não nos representa, e enfraquecido pela disputa entre ONG's. Tentamos esclarecer que os méritos de figuras ligadas ao governo devem ser reconhecidos, mas que seu vínculo a partidos que deixam nossos interesses em ultimo plano não pode ser esquecido.

Não se luta pela metade, posição é coisa séria e necessária. O movimento LGBT brasileiro necessita urgentemente de maior união, politização e seriedade!
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